Rá: quem era e o que fazia o deus mais poderoso da mitologia egípcia

No vasto panteão da mitologia egípcia, Rá ocupa um lugar singular como o deus do sol e a fonte de toda a vida. Assim, adorado como o criador e sustentador do universo, ele desempenhou um papel central na religião e cultura do antigo Egito.
Ele era conhecido como Khepri ao nascer, Atum ao pôr-do-sol e Aton como disco solar. Além disso, seus filhos, Shu (deus do ar) e Tefnut (deusa da umidade), foram os primeiros a emergir, seguidos por Geb (terra) e Nut (céu), que juntos moldaram o mundo.
Segundo a mitologia egípcia, ele foi o criador dos deuses e dos homens, do mundo. Inclusive, algumas fontes até dizem que Rá criou os humanos a partir de suas lágrimas e suor. Portanto, os egípcios se autodenominavam “Gado de Rá”. Seu emblema era o sol, o símbolo da vida, luz e fertilidade. Seu centro de culto era a cidade de Heliópolis, que hoje é o subúrbio ao norte do Cairo, Matariya.
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Como Rá era apresentado?
Normalmente, representam Rá geralmente como um homem com cabeça de falcão. Além disso, ele segura o símbolo ankh da vida na mão direita estendida ao longo do corpo. Na mão esquerda, ele segura o cetro ou bastão de poder (was). Enquanto traz o disco solar com a serpente Uraeus na cabeça.
Was na mitologia egíptica
Os deuses e reis do antigo Egito empunhavam o was, um bastão distintivo com cabeça de animal, geralmente um canídeo, e base bifurcada. Assim, esse objeto simbolizava a autoridade terrena e também o poder divino. Dessa forma demonstrava o controle desses líderes sobre o cosmos e a sociedade.
Disco solar com a serpente Uraeus na cabeça
Na iconografia egípcia, o disco solar com a serpente Uraeus na cabeça de uma divindade ou faraó simboliza a união do poder solar e da realeza divina. O disco solar representa o deus Rá, o principal deus solar, simbolizando vida, luz e poder. Além disso, a serpente Uraeus, geralmente uma naja, representa a deusa Wadjet, protetora do faraó e do Egito. A Uraeus simboliza autoridade e proteção, conferindo legitimidade e segurança ao governante.
O simbolismo da aparência de deus Rá
Essa combinação do disco solar com a serpente Uraeus destaca a conexão direta do faraó com o poder divino e a proteção dos deuses. Dessa forma, reforça a posição do faraó como representante dos deuses na Terra. Além disso, o disco solar simbolizava, para os egípcios, o ápice do poder, enquanto a serpente Uraeus representava a proteção divina, assegurando a ordem e a prosperidade do reino.
No entanto, a mitologia egípcia apresentava uma imagem complexa de Rá, o deus sol. Além de ser representado como um homem com cabeça de escaravelho (Khepri) ou de carneiro, os textos descrevem-no também como um rei ancião. Com ossos de prata, carne de ouro e cabelos do mais puro lápis-lazúli, revelando a riqueza e a complexidade da divindade solar.
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O deus Rá na mitologia egípcia
Entenda um pouco mais sobre esse deus egípcio!
1. O ciclo diário e a jornada noturna
Durante o dia, Rá navegava pelo céu em sua barca solar, a Mandjet, trazendo luz e calor ao mundo. Ao anoitecer, ele descia ao submundo em uma barca diferente, a Mesektet, enfrentando a serpente Apophis, que simbolizava o caos. Este combate noturno representava a luta contínua entre ordem e desordem, resultando no renascimento diário do sol ao amanhecer.
2. Sincretismo e adaptações
A fusão de Rá com outras divindades refletiu a evolução das crenças e práticas religiosas ao longo dos milênios. Ele se combinou com Horus, formando Rá-Horakhty, e posteriormente com Amun, criando Amun-Rá. Essa combinação simbolizou seu poder como deus solar e criador supremo. Esse sincretismo integrou e harmonizou diversas tradições locais no contexto religioso egípcio.
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3. Lendas e mitologias
Várias lendas destacam a importância de Rá. Uma história importante envolve a deusa Hathor, transformada em Sekhmet para punir a humanidade por sua rebelião contra Rá. Contudo, ao ver a destruição causada por Sekhmet, Rá a embriagou com cerveja vermelha, salvando a humanidade e restabelecendo a ordem. Outro mito fascinante fala sobre a deusa Ísis, que, ao criar uma cobra venenosa com a saliva de Rá, forçou-o a revelar seu nome secreto para curar-se, demonstrando o poder inerente aos nomes na mitologia egípcia
4. Cultura e adoração
Rá era adorado em templos grandiosos, com Heliópolis sendo o centro de seu culto. As cerimônias em sua honra eram realizadas para assegurar a ordem cósmica e o bem-estar do Egito. Os faraós, vistos como “Filhos de Rá”, muitas vezes incluíam seu nome em seus títulos, destacando a íntima relação entre o rei divino e o deus solar
A influência de Rá se estendeu além das fronteiras do Egito, impactando culturas vizinhas e permanecendo uma figura central na mitologia até o fim da civilização faraônica. Sua adoração perdurou por séculos, refletindo a profunda conexão dos egípcios com o sol como fonte de vida e renovação.