Papiro descoberto revela como foram as últimas horas de Platão

Papiros revelam detalhes inéditos sobre as últimas horas de Platão, incluindo seu modo de sepultamento e momentos finais na terra.
Papiro descoberto revela as últimas horas de Platão

Recentemente, arqueólogos descobriram um papiro com trechos decifrados, enterrado sob camadas de cinzas vulcânicas após a erupção do Vesúvio em 79 d.C. Esse papiro pode lançar luz sobre as últimas horas de Platão.

Em uma descoberta pioneira, o papiro antigo revelou uma narrativa desconhecida até agora que descreve detalhadamente como o filósofo grego passou sua última noite. Segundo o relato, Platão ouvia música de flauta tocada por uma escrava trácia, conforme relatado pelo Guardian.

Embora estivesse lutando contra a febre e à beira da morte, Platão manteve clareza suficiente para criticar a musicista pela falta de ritmo, de acordo com a narrativa.

Leia mais: Máscara de Agamêmnon: conheça o achado mais controverso da história

Quem foi Platão?

Embora não saibamos muito sobre a família de seu pai, os nomes de seu pai e avô indicam que sua linhagem era aristocrática. Seu pai era Aristão, filho de Arístocles, nomes que sugerem uma origem aristocrática. Além disso, sua mãe era Perictyone, também proveniente de uma antiga família nobre.

Platão tornou-se discípulo de Sócrates e posteriormente mentor de Aristóteles. O filósofo grego faleceu em Atenas por volta de 348 a.C. Até hoje, ele é uma das figuras históricas mais importantes de todos os tempos, desempenhando um papel essenccial na história da filosofia ocidental.

Leia mais: Quem era Ísis e como virou a deusa mais importante do Egito?

O local de sepultamento

Papiro descoberto revela as últimas horas de Platão

As palavras decifradas também indicam que o local de sepultamento de Platão era o jardim da Academia de Atenas, a primeira universidade do mundo, que foi ele mesmo quem fundou. Anteriormente, sabia-se apenas em termos gerais que ele havia sido enterrado dentro da Academia.

Durante uma apresentação das descobertas na Biblioteca Nacional de Nápoles, o professor Graziano Ranocchia, da Universidade de Pisa, que liderou a equipe responsável pela revelação do papiro carbonizado, descreveu a descoberta como um “resultado excepcional que enriquece nossa compreensão da história antiga”.

Ele afirmou: “Graças às técnicas de diagnóstico por imagem mais avançadas, finalmente conseguimos ler e decifrar novos trechos de textos que antes pareciam inacessíveis.”

Leia mais: Pérgamo: conheça a cidade grega antiga em que nasceu o livro

A sua venda como escravo

O texto revela que Platão foi vendido como escravo na ilha de Egina, provavelmente em 404 a.C. Isso quando os espartanos tomaram a ilha, ou em 399 a.C., pouco após a morte de Sócrates.

Ranocchia explica: “Acreditávamos que Platão havia sido vendido como escravo em 387 a.C. durante sua estada na Sicília, na corte de Dionísio I de Siracusa.”

“Pela primeira vez, conseguimos ler sequências de letras ocultas nos papiros, que estavam enroladas em múltiplas camadas, coladas umas às outras ao longo dos séculos, através de um processo de desenrolamento usando uma técnica mecânica que desfez partes inteiras do texto.”

Ainda, Ranocchia mencionou que a capacidade de identificar essas camadas e reverter essencialmente à sua posição original para restaurar a continuidade do texto representa um avanço significativo na coleta de informações extensivas.

Leia mais: Afinal, existe zero em algarismos romanos? Entenda o sistema!

Onde encontraram o papiro?

Por fim, o papiro se encontrava em uma vila luxuosa em Herculano, descoberta em 1750, e acredita-se que pertenceu ao sogro de Júlio César.

Com o passar dos anos, estudiosos tentaram decifrar os papiros que encontraram nesta villa, que chamavam de “Villa dos Papiros”.

Domenico Camardo, arqueólogo envolvido no programa de conservação de Herculano, comparou o impacto da erupção do Vesúvio em 79 d.C. sobre Herculano, uma antiga cidade romana costeira próxima a Pompeia, com o efeito da explosão de uma bomba atômica sobre a cidade japonesa de Hiroshima durante a Segunda Guerra Mundial.

A temperatura do fluxo piroclástico que o Vesúvio gerou era tão intensa — entre cerca de 400 °C e 500 °C — que causava a ebulição imediata do cérebro e do sangue das vítimas.

Então, a descoberta dos papiros decifrados não só ilumina as últimas horas de Platão, mas também oferece um novo entendimento sobre a destruição que causou a erupção do Vesúvio.

Leia mais: Papiro: descubra os segredos escritos às margens do Nilo

Se inscrever
Notificar de
guest
0 Comentários
Comentários em linha
Ver todos os comentários

Você também pode gostar

Qual o lugar mais frio do universo? Veja sua temperatura!

Qual o lugar mais frio do mundo? Veja a sua temperatura surpreendente

O lugar mais frio do universo: a incrível Nebulosa Bumerangue.
Por Talvane Póvoa
15 dez 2024
Quem era o melhor amigo do homem no passado?

Não era o cão: veja quem era o melhor amigo do homem no passado

O melhor amigo do homem na antiguidade: uma história surpreendente.
Por Rita Póvoa
1 dez 2024
Por que não encontramos ETs?

Afinal, os ETs realmente existem? A ciência responde!

Veja se há um motivo pelo qual ainda não encontramos alienígenas.
Por Talvane Póvoa
30 nov 2024
cross
Papirotech
Visão geral de privacidade

Este site usa cookies para que possamos fornecer a melhor experiência possível para o usuário. As informações dos cookies são armazenadas no seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar a nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.

Você pode ajustar todas as configurações de cookies navegando pelas guias no lado esquerdo.