Osíris: a história do deus dos mortos que virou símbolo da vida eterna

A mitologia egípcia antiga está cheia de histórias estranhas sobre os deuses, mas talvez a mais confusa para os leitores modernos seja a de uma divindade que, depois de ser desmembrada, voltou à vida e se tornou o senhor do além. Esta é a antiga história de Osíris, o deus egípcio da ressurreição, da fertilidade e do submundo. Venerado como o juiz dos mortos e símbolo da vida eterna, a lenda de Osíris era central na concepção egípcia antiga sobre a vida após a morte.
Mas, como um deus relacionado a temas tão sombrios se tornou um símbolo de esperança e renovação para uma civilização inteira? Então, vamos descobrir a seguir!
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O surgimento de Osíris na mitologia egípcia
Osíris, cujo nome tem origem grega e combina as palavras Ὅσιος (Hosios, “piedoso”) e Ἱερός (Hieros, “sagrado”), se destacou como uma das principais divindades do panteão egípcio. Inicialmente, os egípcios o adoravam como um deus da natureza, simbolizando o ciclo de morte e renascimento observado na vegetação.
A lenda de Osíris conta que seu irmão Seth, o deus do caos, o desmembrou, mas sua esposa Ísis reuniu os pedaços de seu corpo e o ressuscitou. Após a ressurreição, Osíris não voltou ao mundo dos vivos, mas assumiu o papel de governante do submundo, o Duat, e juiz dos mortos.
Osíris primeiro se destacou na cidade de Djedu, no Baixo Egito, onde substituiu o antigo deus local, Andjeti. Posteriormente, em Abidos, no Alto Egito, os egípcios o identificaram com Khent-Amenti, o deus-lobo da necrópole ocidental. Isso consolidou sua posição como a principal divindade dos mortos, associada ao ciclo de morte e renascimento que permeava a cultura egípcia.
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Atributos e símbolos de Osíris
Os egípcios frequentemente representavam Osíris como uma figura mumificada, vestindo a coroa atef, uma coroa branca com duas plumas laterais, e segurando um cajado e um flagelo, símbolos de sua autoridade e poder. Eles retratavam sua pele em verde ou preto, cores que simbolizam a regeneração e a fertilidade. Esses atributos destacam sua conexão com a vegetação e a ideia de renascimento, tanto na terra quanto no além.
Outro símbolo importante associado a Osíris é o pilar Djed, que representa estabilidade e se vincula à sua coluna vertebral. Esse símbolo aparece frequentemente em templos e túmulos, onde os egípcios o utilizavam como um amuleto de proteção e ressurreição.
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A influência e a conexão com a mitologia grega
Uma das facetas mais intrigantes de Osíris é sua identificação com outras divindades de diferentes culturas. No período helenístico, Osíris foi associado a Dionísio, o deus grego do vinho e da fertilidade, e a Hades, o deus do submundo. Essa fusão de identidades reflete a natureza sincrética da religião egípcia, que absorvia influências externas e reinterpretava suas divindades.
Além disso, a história de Osíris e Ísis serviu como um mito fundador para muitas práticas religiosas egípcias, incluindo os rituais funerários. Os egípcios acreditavam que, assim como Osíris ressuscitou, eles também poderiam alcançar a vida eterna através dos ritos adequados. Os faraós, em particular, eram frequentemente comparados a Osíris na morte, sendo vistos como seus sucessores no reino dos mortos.
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Ele era um dos deuses mais amados do Egito
Osíris também foi uma figura central em festivais importantes, como o Festival de Khoiak, que celebrava o ciclo da vegetação e a ressurreição. Durante este festival, rituais eram realizados para garantir a continuidade da fertilidade da terra e a proteção contra as forças do caos, simbolizadas por Seth.
Por fim, Osíris é muito mais do que uma divindade da morte. Na verdade, ele é um símbolo de esperança, renovação e continuidade. Dessa forma, sua história de ressurreição e domínio sobre o submundo foi fundamental para a visão egípcia da vida após a morte, influenciando desde práticas religiosas até a arte e a literatura do antigo Egito.
Como deus da fertilidade, ele assegurava a prosperidade da terra. Enquanto, como juiz dos mortos, oferecia a promessa de vida eterna. Osíris, portanto, representa a interseção entre vida e morte, caos e ordem, e permanece uma das figuras mais interessantes e complexas da mitologia egípcia.