Papiro de Derveni: conheça o livro mais antigo da Europa

O Papiro de Derveni, o “livro” mais antigo da Europa, ocupa um lugar distinto na herança cultural mundial. Considerado o mais importante texto novo descoberto desde a Renascença sobre a filosofia e a religião grega antiga, esse papiro se destaca por ser o manuscrito legível mais antigo da Europa. Descobriram-no em 1962, em Derveni, perto de Tessalônica, entre os restos da pira funerária de um rico túmulo da época clássica tardia.
A escrita do Papiro de Derveni data entre 340 e 320 a.C., mas o livro copiado nele é muito mais antigo, de aproximadamente 420-410 a.C. Os estudiosos classificam esse papiro como um dos achados mais notáveis deste século: na paleografia, por ser o papiro literário mais antigo preservado; e na poesia, por transmitir hexâmetros da poesia órfica arcaica.
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Papiro de Derveni e herança da UNESCO
Os pesquisadores acreditam que Eutífron, de Prósplata, na Ática, provavelmente escreveu o livro. Eles consideram esse frágil achado um documento essencial para o estudo da religião e da filosofia grega antiga. A inclusão do papiro na lista internacional da UNESCO representa um importante sucesso para o Museu Arqueológico de Tessalônica.
Desde outubro de 2015, o Papiro de Derveni é a primeira inscrição grega na lista internacional do programa da UNESCO “Memória do Mundo”.
Preservaram o papiro quase por acaso. Encontraram o cilindro de papiro fragmentado entre os restos da pira funerária, e ele secou acidentalmente. Isso o protegeu da umidade do solo, evitando, assim, a degradação. Dos 266 fragmentos sobreviventes do papiro, apenas 26 páginas puderam ser reconstruídas.
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Papiro de Derveni: o que contém o livro mais antigo da Europa?
Os professores gregos que estudaram o “livro” concluíram que ele é uma cópia do século III de um texto da época de Sócrates. O autor comenta um mito órfico sobre a gênese do mundo, mas o interpreta de forma não convencional. Ele afirma que os deuses não são realmente deuses, mas simbolizam os elementos da natureza. Além disso, não só os deuses, mas também os lugares e eventos são alegorias que precisam ser interpretadas corretamente para terem algum valor.
O autor do papiro reflete opiniões de Ferecides, Empédocles, Anaxágoras e Demócrito, e explica que o deus absoluto que os homens chamaram de Júpiter não criou o mundo do nada. O mundo é composto por partículas microscópicas que sempre existiram, mas em um estado caótico, e o Intelecto (Júpiter) formou a partir desses materiais vivos e inanimados os corpos. Quanto às Eumenides e às Erínias (deusas da vingança), às quais os fiéis fazem libações pela boa sorte de seus amados falecidos, não são divindades, mas as almas dos mortos.
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Tema nas melhores Universidades do mundo
Herança cultural mundial desde o momento de sua descoberta, o papiro atraiu a atenção mundial e se tornou objeto de numerosos estudos por especialistas. Na verdade, seu estudo é o tema de um programa especial (CHS Derveni Papyrus Project) do Centro de Estudos Helenísticos da Universidade de Harvard. Atualmente, o papiro é exibido em sua totalidade na exposição permanente do Museu Arqueológico de Tessalônica “O Ouro dos Macedônios”.
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Onde fica o museu arqueológico de Tessalônica?
O Museu Arqueológico de Tessalônica está situado em Tessalônica e é um dos maiores museus do país, além de ser o principal museu do norte da Grécia. O edifício está localizado no centro da cidade, próximo a algumas das atrações mais importantes de Tessalônica, como a Torre Branca e a Exposição Internacional, que é conhecida em toda a Europa.